domingo, 25 de setembro de 2011

Contagem regressiva para o coreto sacudir...

Por Alexandre Macedo http://twitter.com/AlexandreFmsso




Me lembro, de quando ainda criança, dos tradicionais comícios que existiam na nossa região. Era uma coisa engraçada. Subíamos nos caminhões "pau-de-araras" e lá íamos para os festêres pelas zonas rurais a fora: "Vila dos Anjos (hoje Angelândia), São Caetano, Vendinhas, Chapadinha, e isso, sem esquecer de todos os bairros da cidade.

O estilo dos comícios nunca mudavam. Era sempre aquele bate-boca infernal faltando citar a mãe do outro no meio da polêmica, discursos que mais pareciam um "circo" do que política.

As festas eram animadas com farofas (quem lembra das envenenadas?), quentão, cerveja, carne em espeto-de-pau onde o povão as assava em grandes fogueiras. Nas carreatas,  gasolina de graça, ganhava quem fazia mais barulho! O Vox Populi da campanha era definido pela quantidade de carros da última carreta. Ouvíamos uns dizer: "Núúú... Mas na nossa carreata tinha carro do Alto Grande até o cafezal do Ticha"... Era uma alegria só!

No meio da campanha, a empolgação era tamanha! Prometiam-se muros, telhas, portões, forros e até casas! Como se política fosse uma aposta onde se recebe o prêmio após o 1° de janeiro. Ficávamos sabendo até de dentaduras, onde se dava a parte de cima antes da eleição e a parte de baixo caso ganhasse. Da mesma maneira eram as botinas e outras coisas que era necessário o par, ou seja, um antes  e outro depois das eleições.

Por todos os lados da cidade, nas vésperas da eleição, eram montados comitês secretos (ou talvez não secretos) para  contratar pessoas a fim de distribuir os tradicionais santinhos de vereadores no dia da eleição, o pagamento era de R$15,00! Isso fora os votos comprados pelas "uncinhas" (nota de R$50,00) na madrugada véspera do dia da eleição. O dinheiro era distribuído em malotes, sabe-se lá de onde vinha...

Já teve cada história que vale até um livro!

Estamos novamente a beira de mais uma eleição municipal, há muitas pessoas se mobilizando, partidos começam a definir seus candidatos, etc., e nossa dúvida é: "O que vai mudar?"

Uma coisa é certa, pode até ser que os nossos novos "representantes" continuem com o mesmo joguete, mas a população não é mais como era antigamente. É cada vez maior o número de pessoas que abominam o modo como se faz "política" em Capelinha e em toda a região! Chega!

A cada dia que passa, percebemos a importância da política e entendemos que nosso futuro depende da maneira como ela é exercida! A população está cada vez mais crítica e começa a findar o tempo em que ser político é sinônimo de vida tranquila onde ninguém incomoda.

A todos que queiram se candidatar, que venham! Mas lembrem-se! Mude o discurso, a estratégia, não faça o povo de palhaço, não se candidate só por que é bom pai, boa mãe, bom filho, que é bonzinho, que é empresário, que é conhecido etc., candidate-se porque é apaixonado por Capelinha! Lembrem-se eleitores, pessoas "boazinhas" não significam bons políticos.

E isso só não basta! Antes de lançar seu nome para uma eleição, estude, veja qual a função de um vereador, prefeito, o que é Executivo, Legislativo, Judiciário. Se informe como, hoje, funcionam as políticas de Assistência Social, saúde, educação, segurança alimentar, habitação, etc. Se para ser médico ou qualquer outro profissional é preciso preparo, quem disse que pra ser político também não é preciso? É necessário sim! Afinal, uma saúde de qualidade depende da boa atuação política de nossos representantes, ou seja, a política é mais importante do que a saúde, pois esta depende da política exercida com qualidade.

Candidato, antes de se candidatar, se desfaça de interesses particulares, fuja da tentação do "status", lembre que será representante do povo, e por isso, é importante que tenha disposição para ir onde o povo está, ouvir suas reivindicações, cobrá-las das autoridades competentes e lutar para implementá-las!

É bom também, que todos, entendam o significado da palavra democracia, portanto, trate de, quando for eleito, dar vez e voz aos sindicatos, associações de moradores, clubes de mães e qualquer outra organização onde o povo estiver inserido. Se não gosta do povo, suma da vida pública! Que sejam transparentes! Que o poder Executivo divulgue mensalmente suas contas em todas as mídias, que Legislativo fiscalize Executivo...

E um último recado, talvez o mais importante, se caso eleito, não vá se achar a "última bolacha do pacote", a "última coca-cola do deserto" ou qualquer outro coisa. Lembre-se, você será EMPREGADO do povo, afinal, o seu gordo salário será pago com o dinheiro dos impostos que cada cidadão paga do açúcar, arroz, feijão, água, luz, gasolina, telefone, etc. E ai, vai encarar o desafio?

E que nós cidadãos, nunca nos esqueçamos do nosso dever de acompanhar, fiscalizar, denunciar, cobrar, etc., pois sem nossa participação direta, é bem mais fácil acreditar em Papai Noel e coelhinho da páscoa do que em algum político que promete trans-formar toda a nossa cidade. E por favor candidatos, nada de promessas tipo "auto-escola grátis", isso não dá pra engolir!

Que nessa próxima eleição tudo seja diferente. Que ideias sejam debatidas de verdade, que não mais exista o famoso bate-boca para denegrir a imagem do outro, ladainhas que só colaboram para o retrocesso da verdadeira política. Nada também da tradicional "política" de fundo de cozinha, "pois veja bem compadre e comadre", "então, a gente se conhece desde criança né?", "sou muito amigo do seu pai...", chega!

Uma cidade melhor só é possível com um povo atuante e que não acredita nos "milagres" eleitorais. Por isso, participe da gestão da cidade. Organize associações de bairro, participe dos Conselhos e Conferências, reuniões de Câmara e outros espaços de decisão. Denuncie ao Ministério Público toda e qualquer irregularidade! Nós cidadãos podemos muito!


Que em 2012 as coisas sejam bem diferentes, é hora de avançarmos e permitirmos que as mudanças aconteçam. Como diz uma letra do cantor Belchior: "O novo sempre vem!" 


Sejamos protagonistas da mudança e entendendo a importância e necessidade do novo, pois, como diria Geraldo Vandré: "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

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