sábado, 18 de agosto de 2012

Ações contra lixo eleitoral ganham força


Reportagem do jornal O Diário de Mogi das Cruzes, dia 24 de julho
Vários Estados estão trabalhando para que não haja excesso de sujeira eleitoral este ano / Foto Divulgação
A campanha “Sujou? Voto não!” foi lançada em Mogi das Cruzes no começo do mês de julho por O Diário, como um apelo público aos candidatos que concorrerão às eleições de 2012, nas chapas majoritárias e proporcionais, para que não sujem a Cidade no decorrer da campanha. A iniciativa ganhou o apoio de diversas entidades e de dezenas de cidadãos ouvidos nas ruas pelo jornal, em um claro demonstrativo de que o eleitor não tolera mais o desrespeito ao espaço público. Essa é uma nova consciência que começa a se formar entre o eleitorado, não apenas em Mogi das Cruzes, mas também em diversas localidades do território nacional. Em 2012, movimentos contra a sujeira eleitoral ganharam força por todo o País e O Diário listou, como exemplo, um total de 10 campanhas semelhantes. Em alguns estados, a iniciativa é da própria Justiça Eleitoral, em outros pontos, como no caso mogiano, a proposta partiu de entidades ou cidadãos representantes da sociedade civil. 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Estado do Mato Grosso do Sul lançou a campanha “Eleições Limpas: um voto pela democracia”. Em entrevista a O Diário, o presidente da entidade, o advogado Leonardo Avelino Duarte, explicou que as ações abrangem todas as 31 subseções da OAB/MS e que a ação inclui as mais diversas questões abrangidas pelo termo “eleições limpas”, indo desde a fiscalização contra compra de votos, por exemplo, até o combate à sujeira nas ruas. Apenas na primeira semana, a Ordem recebeu 14 denúncias, sendo que entre elas havia várias reclamações de poluição sonora por uso irregular de alto falantes, em horários não permitidos pela legislação. “Nossa campanha abrange todas as interpretações possíveis, o que inclui o combate à sujeira eleitoral. Se o candidato não cuidar da cidade enquanto não está eleito, é se de pressupor que o comportamento será o mesmo, a posteriori, depois de eleito”.

O presidente da OAB/MS destaca que hoje há maneiras mais inteligentes de se fazer campanha e defende que essa questão seja amplamente debatida entre políticos e eleitores. Ele explica que a proposta para tal reflexão deve partir da sociedade civil e, por isso, considera imprescindível que haja movimentos como os lançados pela OAB do Mato Grosso do Sul e pelo jornal O Diário, em Mogi. “Está na hora de começarmos a refletir um pouco mais sobre os meios de realização das campanhas. Muita gente reclama, por exemplo, que tem a privacidade invadida com os anúncios de propaganda política nas redes sociais. O eleitor não pode mais sofrer agressões contra a intimidade ou contra a coletividade como um todo por causa da publicidade. Então, as campanhas têm de ser debatidas e repensadas. E este tem deve ser movimento de baixo para cima, partindo da sociedade civil”, salientou Leonardo Duarte.

Em São Paulo, na Capital, a jornalista Isabella Meneses e o publicitário Hilário Junior começaram a debater a sujeira eleitoral nas redes sociais entre seus amigos, no fim do mês de junho. O repúdio dos internautas contra os sujões foi tão grande que eles decidiram ampliar as discussões e iniciar o movimento “Quem suja agora, vai sujar depois”. O mote da mobilização é “candidato que suja a cidade não merece seu voto”. Prestes a completar 30 dias da criação, mais de 2,6 mil pessoas já curtiram a página da campanha no Facebook. Isabella Meneses conta que a força da web é tão intensa que a proposta já ganhou caráter nacional, já que tem apoiadores em todo o País. Segundo ela, a iniciativa não deverá envolver debates com candidatos porque o principal objetivo é conscientizar e sensibilizar o eleitor. “Decidimos criar a página para que os políticos sejam avisados de que as pessoas não curtem a sujeira eleitoral e que eles podem ser penalizados perdendo votos por isso. Não vamos falar com os candidatos porque a ideia é de que o próprio eleitor cobre deles essa responsabilidade”, esclareceu a jornalista.

No Litoral paulista, o Instituto Ilhabela Sustentável lançou o movimento Nossa Ilha Mais Bela, que tem por objetivo debater os mais diversos temas que contribuam para o adequando desenvolvimento do Município. Pela segunda eleição municipal consecutiva, a entidade leva para as ruas a campanha “Voto Consciente é Voto Sustentável”, para discutir com a sociedade as questões relativas às eleições. Um total de sete mil cartilhas orientativas serão distribuídas nas casas da Cidade. O combate à sujeira não é abordado nos livretos, mas o assunto vem sendo tratado pelas entidades em contatos diretos com os candidatos. Até o momento, os concorrentes se prontificaram em não realizar carreatas e estão fazendo uso moderado de publicidade nas ruas. “Desde a campanha de 2008, iniciamos este movimento. Neste ano, pelo menos neste começo do período eleitoral, os candidatos estão recebendo bem nosso apelo e ainda não estamos vendo abusos de santinhos e panfletos”, conta o presidente do Instituto, Georges Henry Grego.

Em Minas Gerais, o Movimento Muda Capelinha elaborou o documento “Sete propostas para as eleições de 2012”, que elenca quais são as atitudes que o município espera dos candidatos e suas equipes nesta eleição. O primeiro item da lista trata justamente do combate à sujeira eleitoral. “ 1 - Uma eleição limpa. Chega de emporcalhar a cidade com cartazes, panfletos e todas aquelas peças publicitárias que são vistas em época de eleições. Os candidatos devem se preocupar em elaborar propostas convincentes e não sujar a cidade”, diz o ofício. Texto publicado no blog do movimento ainda faz um apelo direto aos eleitores: “Há candidatos que, por não terem propostas convincentes, acabam forçando suas campanhas por meio do marketing. Por isso, cidadão, não vote em um candidato apenas porque ele investe mais em publicidade, vote porque realmente tal pessoa traz boas propostas para o município”.

OAB
Está previsto para o próximo dia 4 o início da campanha “Ficha Limpa! Cidade Limpa”, que será promovida em Mogi das Cruzes pela 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os advogados vestirão camisetas com o slogan do movimento e abordarão os eleitores solicitando que forneçam dados para um cadastro. A intenção do grupo é encaminhar material informativo por e-mail para evitar a sujeira com a distribuição de papel.

A campanha terá dois motes bastante específicos sendo que um deles é o combate ao lixo eleitoral. “Movimentos como este são muito importantes porque significam o desenvolvimento da conscientização dos cidadãos. É fundamental que, a cada dia, as eleições tenham menos o aspecto do interesse particular dos candidatos e passem a ter um caráter de interesse público”, destacou o secretário geral da OAB de Mogi, Ademir Falque.

O segundo objetivo da campanha é o de orientar os eleitores a pesquisarem o passado dos candidatos para que votem em pessoas com Ficha Limpa. “As pessoas, antes de qualquer coisa, devem verificar o que o candidato fez no passado, o que pretende fazer e se a vida desta pessoa foi pautada pela honestidade”, disse o advogado. (Júlia Guimarães)

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