“O povo não tem amigos.
O melhor amigo do povo
é o povo organizado”.
(Graciliano Ramos)
Por Alexandre Macedo
Com certeza, junho do ano de
2013 é um mês que ficará eternamente lembrado na história brasileira. Ninguém
nunca esquecerá do nosso “inverno primaveril”. Primavera não exatamente como
uma simples estação do ano, mas como flores! Sim, flores! Aquelas mesmas que
antecedem os frutos. E os frutos do envolvimento político da sociedade são
diversos e sempre resultam em justiça, oferta qualificada de serviços públicos,
saúde, assistência social, habitação, educação, enfim, tudo que é necessário a
uma vida digna e justa, assim como prevê nossa Constituição Brasileira.
Já estava tardando o dia em que
a população reconhecesse que a nossa tal “democracia representativa” não
funciona por si só e que ela, só tem sentido, quando o povo também assume o seu
papel no processo. É chegada a hora de entendermos que o ato de votar é muito
pouco para alcançarmos as mudanças que desejamos ao depositar nossa confiança
em alguém por meio de um mero voto. Até mesmo porque os nossos representantes
não são super heróis! São pessoas comuns, que também saíram do meio do povo
para se ascenderem ao Executivo e Legislativo. O simples fato de vestirem terno
e gravata não fará com que eles sejam mais sábios e que não precisarão do povo
para concretizarem grandes projetos. Vou
ser um pouco mais claro, representantes políticos sem o povo são iguaizinhos “baratas-tontas”,
um “bando de perdidos”, pois é justamente no exercício político juntamente com
a participação do povo é que eles se aperfeiçoam enquanto agentes públicos. Representantes
políticos sem o povo são como empregados sem patrão, se ninguém planeja e diz o
que é para o empregado fazer, ele ficará o dia todo sentado sem produzir nenhum
resultado. Assim é a relação entre o povo e seus representantes políticos. Entendemos então que o representante
político nunca executará o seu ofício se
o patrão (povo) não ordenar. Vejamos, se é assim, temos que manter uma relação
estreita com eles, afinal, eles são os nossos representantes, ou seja, estão no
”nosso lugar”, devem fazer aquilo que ordenamos, se não fizerem, não merecem nosso
voto e estão traindo aqueles que os elegeram.
Para que uma relação eficaz
entre representante e representado seja frutífera é preciso que estabeleçamos a
pauta. Por exemplo: O que queremos para a nossa cidade? Quais são os seus
problemas? Quais são as prioridades? Como concretizar? Há verbas para tal?
Partindo dessas indagações basta criarmos alguns “GT´s”, ou seja, “Grupos de
Trabalho”. Precisamos, então, escolhermos os assuntos elencados nas discussões
e intimarmos nossos vereadores e prefeitos para comparecerem às reuniões.
Pronto! Fácil não é? Uma dúvida: “Mas será que eles irão nas reuniões?!” Se
forem convidados e não comparecerem, “farão feio”, provarão que não são
verdadeiros representantes e não merecem seu voto, pois um verdadeiro político
sempre está presente onde há um coletivo organizado discutindo melhorias para o
contexto em que vivem.
Dessa lição não podemos nos
esquecer, ou seja, para que nossos representantes políticos possam executar
bons trabalhos é preciso que o povo imponha as tarefas, que discuta-as conjuntamente
e acompanhe a execução, caso contrário nada vai acontecer. Se ninguém aponta os
problemas, as coisas irão sempre parecer normais. Lembremos que, após as
manifestações, é preciso agora discutir as estratégias para que o nosso grito
se materialize em ações concretas rumo ao encontro daquilo que aspiramos. Uma
boa estratégia seria a de ocuparmos e criarmos espaços de decisão e
participação política. Que tal criar Grupos de Trabalhos sobre a cultura, o
lazer e a saúde em sua cidade? Como se encontra a saúde? O hospital e as
unidades de saúde prestam serviços com qualidade? Há opções de lazer nos
bairros? Há eventos culturais constantemente? Há locais para práticas
esportivas? Não tem? Por que não?! Tudo isso necessita ser debatido com nossos
representantes com o objetivo de se identificar os problemas e as
possibilidades de melhorias. É preciso também participar dos espaços já
existentes como Câmaras de Vereadores, Associações de Moradores, Conselhos
Municipais de Políticas Públicas (Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte,
etc.), audiências públicas e outros. Resumindo em um parágrafo é o seguinte: É
preciso criar maneiras para que nossos representantes estejam a todo o momento
envolvidos com tarefas referentes ao nosso município, que tenham agendas
lotadas de reuniões a participar, cada dia em um bairro diferente e assim por
diante. Nunca esqueçam, se nós não criarmos as demandas, nada acontece. Sempre
foi assim e sempre será.
Finalizo esse texto desejando
que toda essa energia revelada por todos os brasileiros nestes últimos dias
seja canalizada rumo a um novo processo político no Brasil. Que entendamos de
uma vez por todas que a política só é POLÍTICA quando o povo participa
diretamente das decisões. Chega de esperar somente dos nossos representantes,
trabalhemos junto com eles, indicando-lhes a direção e quais são os projetos
que contemplam a vontade coletiva. Somente quando representante e representado
se relacionam é que grandes projetos se concretizam, para isso é preciso
cidadãs(aos) ativa(os) e representantes com vontade política e atitudes
democráticas. Dessa relação coisas boas sempre vêm!
Alexandre Macedo é assistente social, capelinhense, reside em Curitiba/PR e acredita que diversos frutos virão a partir das manifestações de Junho de 2013
Alexandre Macedo é assistente social, capelinhense, reside em Curitiba/PR e acredita que diversos frutos virão a partir das manifestações de Junho de 2013
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