(Texto publicado originalmente na Revista Avisa, 5ª ed., Capelinha-MG)
Um famoso pensador italiano chamado Antonio Gramsci
(1891-1937) disse certa vez que “Viver é tomar partido”. Com isso, o
intelectual não quis dizer que é preciso se filiar a um partido político
tradicional somente, mas que o ato de viver implica em acreditar em algo e
lutar pela concretização daquilo que se sonha. Aristóteles (384 a.C. a 322
a.C.) definia o ser humano como um “animal político”, ou seja, toda nossa vida
é permeada por relações sociais que visam a construção e a organização do meio
onde vivemos. E para que possamos viver politicamente é necessário que participemos
da vida social dos espaços onde ocupamos. E para participar há vários meios e
neste texto vamos nos deter a uma importante possibilidade que são os Grêmios
Estudantis.
O
Grêmio Estudantil é a associação representativa dos estudantes. Sua existência
é garantida por lei, mas sua fundação não deve se pautar em apenas uma
obrigação legal. O grêmio deve ser encarado a partir de uma perspectiva
pedagógica onde tal experiência irá compor o currículo escolar dos estudantes,
sendo uma atividade onde os envolvidos desenvolverão um exercício de cidadania,
formação de cultura cívica e vivência política.
O
Grêmio Estudantil é um dos espaços mais privilegiados para o jovem aprender a
desenvolver a participação. É uma oportunidade para conhecer a importância do debate,
discutir ideias e descobrir o que significa na prática a democracia. Além
disso, é no grêmio estudantil que se dá a oportunidade para que o(a)s aluno(a)s
aprendam sobre como interferir na construção do mundo que os rodeia, seja a
escola, o trabalho, o bairro, a cidade e demais espaços em que vivem.
As
ideias, os sonhos e os projetos, para que se concretizem, precisam de pessoas
debatendo sobre um determinado assunto. E após isso, as melhores propostas
devem ser votadas e eleitas, fazendo valer a decisão da maioria e também
reforçando a concretização dos valores democráticos. O Grêmio Estudantil é
também uma escola de talentos, pois propicia uma das primeiras experiências
políticas na vida de crianças e adolescentes que, após alguns anos, poderão se
tornar nosso(a)s vereadores(as), prefeitos(as), deputados(as), ou outros cargos que visam o trabalho em busca
do bem da população. Além de prepará-los para a vida política comunitária a
vivência nos grêmios proporcionará aos estudantes a sensação de serem
pertencentes do sistema escolar dando mais sentido e significado para seu estar
na escola.
A Política
está presente em tudo que nos rodeia, seja em casa, no bairro, no trabalho, no
clube, na igreja, enfim, em todas as áreas de nossa vida. Onde existem normas,
regulamentos e decisões a serem tomadas está presente a Política. Portanto, não
há como fugir dela. Ou participamos da construção da sociedade em que vivemos
ou optamos por ficarmos reclamando e assistindo tudo acontecer sem fazermos
nada para mudar a situação. O que é melhor? Com certeza é participando e
ajudando construir o meio que nos cerca. Além de tudo, participar politicamente
dos assuntos que envolvem nossas vidas nos torna mais alegres, esperançosos,
melhora nossa autoestima e nos traz a sensação de nos sentirmos úteis à
sociedade onde vivemos. Tais coisas são essenciais à nossa felicidade.
Como formar um grêmio estudantil
1º O
grupo interessado em formar o grêmio estudantil avisa a direção da escola,
divulga propostas e convida os alunos a formar a comissão pró-grêmio. Este
grupo elabora uma proposta de estatuto que será discutida e aprovada em
assembléia geral.
2º A
comissão pró-grêmio convoca a todos os alunos da escola para participar da
assembléia geral. Nesta reunião, os alunos decidem o nome do grêmio, o período
de campanha das chapas, a data das eleições e aprovam o estatuto do grêmio,
além de montar a comissão eleitoral.
3º Os
alunos se reúnem e formam chapas para concorrer a eleição. A comissão eleitoral
promove debates entre as chapas, abertos a todos os alunos.
4º A
comissão eleitoral organiza a eleição. No final da apuração, a comissão
pré-grêmio deve fazer uma ata da eleição para divulgar os resultados.
5º A
comissão pró-grêmio envia uma cópia da ata da eleição e do estatuto para a
direção da escola e organiza a cerimônia de posse da diretoria do grêmio. A
cada ano, reinicia-se o processo eleitoral a partir do 3º passo.
Alexandre Macedo é Assistente Social, colaborador do Movimento Muda Capelinha, reside atualmente em Curitiba-PR e acredita veemente nos grêmios estudantis como mola propulsora para o despertar de uma vida política e de protagonismo pelo bem de nosso bairro, cidade, Estado e País.
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