Uma pesquisa
divulgada pelo instituto Ibope no fim de 2012 mostrou que, pela primeira vez
desde 1988, o número de brasileiros que dizem ser apartidários superou o de
cidadãos que declaram ter preferência por alguma legenda. Segundo o Ibope, 56%
dos cidadãos brasileiros afirmaram não ter preferência por quaisquer dos
partidos existentes, enquanto 44% disseram simpatizar com alguma das 30 siglas
políticas atuantes no país hoje.
Há 25 anos o
ambiente público era bem diferente. Levantamento feito à época indicava que
somente 38% dos brasileiros afirmavam ser apartidários, enquanto 61% diziam
preferir determinada legenda. Com o fim do regime militar e a redemocratização
que se seguiu, toda uma geração era otimista em relação ao futuro da democracia
no país. A maioria da população via nos partidos uma forma de exercer seus
direitos de cidadão e de participar da vida política brasileira. Por meio das
legendas, sentiam-se representados politicamente. Havia uma enorme expectativa
em torno dos partidos, únicas entidades permitidas a lançar candidatos para
cargos eletivos.
A mudança de
mentalidade dos cidadãos brasileiros registrada pela pesquisa do Ibope no fim
de 2012 é sintomática. Sugere que os partidos estão perdendo a sintonia que já
tiveram com a população no passado. A sucessão de escândalos de corrupção
nessas duas décadas, com raros casos de condenação e punição dos políticos
envolvidos, pode ter estimulado cidadãos a evitarem a atuação partidária. Parte
da sociedade passou a considerar que a política é uma atividade desenvolvida
por pessoas corruptas, cujo objetivo é desviar recursos públicos.
A experiência ao
longo do tempo tem mostrado que renegar a política tradicional é uma má
estratégia. Com parte da sociedade abandonando a política partidária, abre-se
espaço para que maus quadros ocupem lugar nas legendas e tornem suas
candidaturas eleitoralmente viáveis
Esse preconceito
generalizado em relação à política tem afastado pessoas capacitadas e de boa
índole da vida político-partidária. Muitos cidadãos de bem têm escolhido o
caminho das organizações não governamentais para trabalhar politicamente. Como
não consideram a política uma atividade nobre, em vez de exercer mandatos,
preferem atuar em grupos de pressão. Embora essas iniciativas sejam
importantes, ficam sem o poder que é exclusivo dos eleitos – o poder de decidir
os rumos da sociedade.
A experiência ao
longo do tempo tem mostrado que renegar a política tradicional é uma má
estratégia. Com parte da sociedade abandonando a política partidária, abre-se
espaço para que maus quadros ocupem lugar nas legendas e tornem suas
candidaturas eleitoralmente viáveis. O resultado disso é conhecido – proliferam-se
escândalos envolvendo agentes públicos eleitos, o que inclui figuras de alta
proeminência na república, como o senador Renan Calheiros, eleito anteontem
presidente do Senado.
O ingresso de novos
quadros partidários que estejam comprometidos com a moralidade pública é
saudável para a democracia brasileira e deveria ser estimulado. Quanto mais
pessoas que partilhem dos ideais republicanos estiverem engajadas em melhorar a
qualidade da política nacional, mais facilmente serão corrigidas as distorções
de nosso regime de governo. Caso o distanciamento da sociedade em relação aos
partidos aumente, dificilmente o país conseguirá avançar no combate à corrupção
e no desenvolvimento de instituições democráticas e republicanas.
Fonte: Gazeta do Povo
Há 25 anos o ambiente público era bem diferente. Levantamento feito à época indicava que somente 38% dos brasileiros afirmavam ser apartidários, enquanto 61% diziam preferir determinada legenda. Com o fim do regime militar e a redemocratização que se seguiu, toda uma geração era otimista em relação ao futuro da democracia no país. A maioria da população via nos partidos uma forma de exercer seus direitos de cidadão e de participar da vida política brasileira. Por meio das legendas, sentiam-se representados politicamente. Havia uma enorme expectativa em torno dos partidos, únicas entidades permitidas a lançar candidatos para cargos eletivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA DE COMENTÁRIOS DO MMC
1 – O MMC não publicará comentários ofensivos, que contenham termos de baixo calão ou que atinjam reputações pessoais. A livre manifestação do pensamento será garantida, mas não poderá atentar contra princípios éticos.
2 – Comentários anônimos serão aceitos, desde que observadas as ponderações acima expostas.
3 – Comentários que contenham ameaças aos colaboradores do MMC e a qualquer outro cidadão poderão ser denunciados ao Ministério Público.
4 – Caso algum comentário desrespeite as regras acima expostas o moderador poderá, se solicitado por e-mail, explicar os motivos pelos quais não foi publicado.
5 – Comentários com denúncias sem provas ou que reproduzam boatos não serão publicados, salvo se houver identificação do autor.
6 – Não serão publicados comentários que façam propaganda positiva ou negativa de representantes públicos, partidários e afins com objetivos eleitoreiros.
Em caso de qualquer dúvida, sugestão ou reclamação o e-mail do MMC é: movimentomudacapelinha@gmail.com